Hoje além de Ayurveda, vou falar um pouquinho sobre Yoga, que é a ciência irmã do Ayurveda.
Algumas pessoas acreditam que Yoga se trata apenas de exercícios físicos
complexos ou alguma técnica zen para se manter relaxado, acreditam também que devem ser flexíveis ao extremo e ter super-poderes... Felizmente esta
ilustração se encontra muito longe da verdade.
Mas o primeiro passo do caminho
yogiko é a conduta ética - que não tem como objetivo nenhuma conotação moralista, mas tem a intenção de trazer luz para valores universais que são muito importantes
para um bem-estar tanto individual quanto social. Por isso, Yoga é para todos.
Existem 10 valores universais dentro dos chamados Yamas e Niyamas. Mas aqui tratarei apenas do primeiro Yama: Ahimsa. No sânscrito a ordem escrita das palavras denota a escala de
importância das mesmas. Ahimsa, traduzido
como não-violência, é o primeiro, e
portanto o mais importante dos valores, pois em essência todos os outros
valores derivam dele. Começar pela não-violência, indica a não-violência
consigo mesmo. Mas em uma perspectiva maior, não-violência alude a qualquer tipo de violência: física, verbal e/ou
mental, a qualquer ser vivente.
Entretanto qual é a medida dessa não-violência, já que violência
para uma pessoa não é necessariamente para outra? A questão é mais simples do
que parece: não faça para o outro o que você não gostaria que fizessem à você.
Essa é a medida.
Quando tratamos da nossa saúde, Ahimsa
é um importante passo para nos tornarmos responsáveis pelo nosso bem-estar.
Muitas vezes aquilo que não é saudável para nós é muito prazeroso (pelo menos a curto prazo), assim
como aquilo que não é tão prazeroso muitas vezes é saudável. Mas felizmente, há coisas
que são tanto prazerosas quanto saudáveis – prazerosas porque são saudáveis e
saudáveis porque são prazerosas! Saúde não combina com sofrimento, mas combina
com disciplina.
Um corpo sano sabe o que é bom para si, bem como uma mente saudável
faz escolhas adequadas para o corpo... Mas para atingir esse ponto, precisamos
reestabelecer a inteligência do nosso organismo, porque a partir daí as
escolhas com Ahimsa acontecerão
naturalmente.
Mas como reestabelecer essa inteligência - que é tão corrompida por
alimentos altamente industrializados e contaminados, estilo de vida caótico ou
sedentário, fortes emoções, excesso de estímulos sensoriais, artificialidades,
falta de contato com ambientes e ritmos da natureza, entre outras coisas
provenientes do estilo de vida moderno?
A Resposta é o auto-conhecimento.
Através do Ayurveda conseguimos reconhecer nossa natureza metabólica
e então adaptar todos os aspectos de nossa vida para ajudar essa natureza a
fazer seu trabalho da melhor maneira possível, evitando desequilíbrios e
doenças e usufruindo do nosso potencial máximo de saúde e vitalidade.
Através do Yoga, conseguimos reconhecer nossa natureza estrutural
(física) pela prática dos ásanas, bem como reconhecer nossa natureza mental,
através da meditação, pranayamas e da auto-observação constante de nossa
respiração, pensamentos, sentimentos e emoções, durante a execução das ações - seja
na aula de Yoga, seja na vida. Assim é possível nos detectar padrões automáticos
e destrutivos para nossa saúde, e ampliar nossa Consciência e Inteligência corporal.
Há também algo que cabe frizar aqui, já que estamos falando em Ahimsa e auto-conhecimento: existem diferenças entre as pessoas! Os
organismos são sin-gu-la-res... o que isso significa? Significa literalmente
que, néctar para uma pessoa, pode ser veneno para outra e vice-versa.
Infelizmente isto é pouco respeitado por nós mesmos, e principalmente pela
maioria dos profissionais da saúde - que passam o mesmo tratamento para todas as
pessoas, pois não tratam a pessoa mas a sua doença; bem como por alguns “professores”
de Yoga - que adotando uma paradoxal inflexibilidade, orientam a todos os seus
alunos fazerem as posturas da mesma maneira: corrigindo aqui, apertando ali,
forçando acolá...desconsiderando os limites musculares/ósseos de cada um e que
por fim, acabam causando lesões sérias e irreversíveis em seus alunos.
Como
muito bem diz meu professor Pedro Kupfer: “se contorcionismo levasse a
libertação, os contorcionistas de circo seriam seres iluminados”. Há também o
excepcional trabalho do meu marido que trata justamente sobre isso, veja aqui.
A chave para saúde é Ahimsa assim
como a chave para Ahimsa é o
autoconhecimento. Nesse contexto, as ciências irmãs Yoga e Ayurveda, são como
os dois lados de uma balança bem equilibrada... experimente!
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