segunda-feira, 6 de junho de 2011

O que é Ayurveda?



Ancient Rishi. Click for more on AyurvedaUm pouco de história
Ayurveda é a medicina tradicional da Índia e faz parte da literatura mais antiga da humanidade, os Vedas. Especificamente, é no Atharva Veda que se encontra sua primeira referência escrita. Sua história tem mais de 5.000 anos de teoria e prática, mas vem sendo amplamente estudada e utilizada até hoje…
Mas como um conhecimento tão antigo pode ser tão atual?
Justamente porque Ayurveda não foi criado pelo homem, mas para o homem. Sendo assim um conhecimento divino que foi revelado pelos Rishis - os reis visionários do período védico, que usaram sua consciência como próprio laboratório e consolidaram a Ciência Védica ou Sanathana Dharma; Sanathana Dharma literalmente significa sabedoria perene, que por sua vez significa: sabedoria = é aplicável a tudo e a todos; perene= que dura eternamente.
Ayurveda tem como base a teoria Samkhya, que faz parte dos seis Darshanas (pontos de vista) da Ciência Védica e trata de explicar sobre o surgimento do Universo.
O Hatha Yoga também compartilha da mesma base filosófica do Ayurveda. Na verdade, pode se dizer que elas são ciências-irmãs, filhas da ciência-mãe Sanathana Dharma. Mas enquanto o Hatha Yoga aprofunda mais nos aspectos energéticos do corpo e diretamente tem como foco a libertação ou Moksha; o Ayurveda trabalha indiretamente para Moksha, pois aprofunda mais nas questões fisiológicas do corpo, focando no cuidado da saúde com objetivo de fornecer longevidade para que os yogis alcancem a meta última.


Um pouco de ciência
Assim como toda ciência, o Ayurveda possui seus “teoremas”.
Baseada na observação e na experiência, a ciência védica diz que tudo o que existe é formado pela combinação dos 5 elementos, que são: Terra, Água, Fogo, Ar e Éter. Então, o que diferencia a matéria é justamente a proporção desses elementos. Por exemplo, a Melancia tem mais elemento água do que a Cadeira, que por sua vez tem maior proporção do elemento Terra; mas isso não quer dizer que a Cadeira não tenha Água e nem que a Melancia não tenha Terra. Essa é a teoria dos 5 elementos (PanchamahaBhutas)


É possível concluir isso, pois fundamentalmente, cada elemento tem seus atributos inerentes. Por exemplo, percebeu-se que a Água é úmida, liquida e fria; o Fogo é quente, móvel e seco; a Terra é inerte, pesada e sólida, e assim por diante. Então, na natureza existem 20 atributos que formam 10 pares de opostos e que caracterizam as coisas: quente e frio; oleoso e seco; móvel e imóvel; pesado e leve; liquido e sólido; denso e sutil; rápido e lento; liso e áspero; regular e irregular; penetrante e não penetrante. Esses atributos aumentam quando são iguais e diminuem quando são opostos: por exemplo, se eu adicionar à um copo de água quente mais água quente, terei água muito quente dentro de meu copo; mas se eu adicionar água quente à água fria, terei água morna ou fria, dependendo da quantidade que eu colocar em meu copo
Esse é o conhecimento que forma uma nova teoria, a teoria dos 20 atributos (Gunas).


Da mesma forma, se eu estiver com frio e tomar água gelada, vou sentir ainda mais frio; mas se eu estiver com frio e tomar água quente, meu corpo vai esquentar. Comprovando desta maneira outra teoria: assim como é no macrocosmo (natureza) é também no microcosmo (corpo). Seja fora de nós, seja dentro de nós, os elementos também se manifestam produzindo atributos.
A partir daí surge a mais popular das teorias dentro do Ayurveda: a teoria das 3 bioenergias (Tridosha): Vata, Pitta e Kapha – que são 3 padrões de combinações a partir dos 5 elementos, que a natureza criou para se manifestar; Vata é a combinação dos elementos Ar e Éter, Pitta é a combinação de Fogo e Água, e Kapha a combinação de Água e Terra (lembrando que tudo possui os 5 elementos, mais nessas combinações existem 2 elementos que predominam mais).
Diferente do que muitas pessoas pensam, os doshas: Vata, Pitta e Kapha, não estão presentes somente no corpo; eles são bioenergias intrínsecas a matéria em geral. Na natureza, essas estão perfeitas e equilibradas – pelo menos quando não sofrem interferências do ser humano. No entanto, o significado da palavra Dosha é: “aquilo que produz doença”, pois quando em excesso essas bioenergias produzem desequilíbrios, mas de forma equilibrada, essas vão dar as características referentes a determinada matéria: seja o corpo, seja a mente, seja o ambiente.

Qual é a vantagem em saber essas características?
Sabendo minhas características, eu consigo manejar minha saúde utilizando a máxima do igual aumenta igual e oposto diminui oposto, para evitar exceder uma ou mais bioenergias dentro de mim. Muitas de nós aplicamos intuitivamente essa ciência: “tomamos um café para despertar, ou um chá de camomila para acalmar”, isso nada mais é do que o manejo de suas próprias energias usando substâncias opostas ao estado atual do seu corpo, ou seja, despertar quando estamos sonolentas ou acalmar quando estamos agitadas, buscando assim o equilíbrio.

Mas como que excedo essas bioenergias dentro de mim?
Através de comidas, pessoas, emoções, estações do ano, estilo de vida que possuem as mesmas características que eu tenho em predominância. Um exemplo bem simples: se eu sou Pitta, tenho predominância do elemento fogo, então facilmente esse elemento pode se exceder em mim. Se eu já possuo essa característica, e como muita pimenta – que tem a natureza do fogo, eu vou explodir… Ou seja, ficarei irritada, explosiva e com muito calor, pois tenho excesso desse elemento em mim.
Em sânscrito, Prakritti, significa Natureza e alude a essas bioenergias equilibradas, que definem a natureza real das coisas. Já Vikrutti, significa desequilíbrio, “é aquilo que parece, mas não é”. Quando estamos desequilibradas nossa Prakritti se altera e começamos a demonstrar a Vikrutti. O intuito então é retornar a nossa Prakritti e manter esse estado de saúde.
A saúde não é estática, ela provém de um equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio é facilmente percebido na Natureza, e é por isso que a tradução de Prakritti é natureza. Portanto, o retorno a sua própria natureza ou à mãe-natureza é a solução.

Um pouco de sensibilidade
Através do exemplo do fogo e da pimenta, é percebido que os elementos também influenciam nas qualidades psicológicas, que por sua vez, além de influenciarem o corpo também influenciam o ambiente, e assim por diante, formando uma teia de relações.
Ayurveda, como um sistema – integro e holístico, explora essa teia em todas as suas camadas: física, mental e espiritual.
No âmbito físico, da mais importância aos aspectos energéticos e funcionais do que estruturais. No âmbito mental, cuida das qualidades da mente (gunas) sattva, rajas e tamas e do relacionamento dessas qualidades: consigo próprio, através das emoções; com outras pessoas, através das relações; e com o mundo, através das interações. No âmbito espiritual, orienta na adição de um estilo de vida consonante com o Dharma, a lei divina do Universo, sendo somente através deste que trazemos saúde plena para o espírito ou Atma. O intuito último de manter a saúde do corpo é para que as injúrias do mesmo não atrapalhem no desenvolvimento espiritual, na busca pelo autoconhecimento. 
Sensibilidade significa a percepção de algo além do que os olhos podem ver ou além de palavras que podem ser ouvidas ou ditas. É algo necessário para que percebamos essas camadas que formam a teia da vida. Ayurveda, que é a ciência da vida, também frisa a importância dessa qualidade suprema, que essencialmente é uma qualidade feminina, uma qualidade que esta faltando tanto na medicina quanto no mundo moderno em que estamos inseridos, atualmente masculinizados.
Por tanto cuidar da sua saúde como mulher ou ajudar no cuidado da saúde de outras mulheres é um grande passo para que o mundo retorne ao seu equilíbrio dinâmico; o mundo precisa de mulheres saudáveis, felizes e realizadas, pois em verdade, é fundamentalmente através da energia feminina que o universo cria e se re-cria.

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